Que quantidade de vitamina D necessitamos?

A sua necessidade de vitamina D nem sempre está relacionada com a quantidade do nutriente presente no sangue. Os seus genes podem revelar um cenário bastante diferente. Leia abaixo e saiba mais sobre a investigação finlandesa que vem dar a conhecer uma abordagem totalmente nova sobre uma das nossas vitaminas mais importantes.

Consegue facilmente perceber quando o depósito do seu carro está quase vazio. Contudo, e a menos que conheça bem a sua quilometragem, não sabe ao certo quando é que a situação se torna critica. De acordo com uma investigação recente, o mesmo pode acontecer com os níveis de vitamina D no ser humano.

Para determinar os níveis de vitamina D no organismo, uma amostra de sangue pode não ser suficiente. Para se conseguir determinar a necessidade exacta de vitamina D em determinada pessoa, é necessário perceber como é que o organismo dessa mesma pessoa responde ao nutriente. E é aqui que os genes e a evolução entram em cena.

No futuro, esta descoberta poderá influenciar as directrizes gerais utilizadas pelas autoridades de saúde para aconselhar as pessoas acerca da sua ingestão de vitamina D.

Vitamina D ingerida em forma de suplemento

Os nossos genes controlam as nossas necessidades

Durante vários anos, Carsten Carlberg, um cientista finlandês da University of Eastern Finland (UEF), estudou a vitamina D e a epigenética. Os seus estudos revelaram que os seres humanos reagem de maneira diferente à vitamina D quando ingerida em forma de suplemento. Carlberg explica que esta reacção é controlada pela nossa composição genética.

No seguimento desta nova percepção sobre a vitamina D, a ciência da nutrição poderá ser forçada a incluir este factor na equação. Afinal, as directrizes gerais que têm sido utilizadas nos últimos anos, relativamente às quantidades necessárias de ingestão de vitamina D e aos níveis de vitamina D presentes no organismo, não são as mais adequadas. De acordo com Carlberg, é preciso ter também em conta a genética de cada um.

O tipo de pele é um factor determinante

Acontece que as diferenças na nossa capacidade de utilizar a vitamina D estão enraizadas na evolução humana e podem ser rastreadas até os europeus indígenas. Carsten Carlberg e a colega de investigação Andrea Hanel desenvolveram um artigo de revisão, no qual descrevem os nossos ancestrais.

Destes ancestrais faziam parte caçadores-coletores de África, que mantiveram a sua pele escura, juntamente com agricultores da Anatólia e os nómadas Yamnaya, de pele mais clara, oriundos das planícies ucranianas. Aparentemente, a cor da pele foi a chave para determinar as suas necessidades de vitamina D.

Uma defesa imunitária forte contribuiu para a sobrevivência

De todos estes ancestrais, aqueles com a pele mais clara eram mais eficazes em sintetizar vitamina D através dos raios ultravioleta provenientes do sol. Possivelmente, este factor contribuiu para uma defesa imunitária mais forte, essencial para sobreviver aos meses escuros e frios do inverno no norte da Europa.

Carsten Carlberg publicou, ainda, outro artigo de revisão, em colaboração com Afrozul Haq, do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Gulf Diagnostic Center Hospital em Abu Dhabi. Os investigadores conduziram dois estudos de vitamina D, por forma a conseguir um conhecimento mais abrangente. Os estudos, VitDmet e VitDbol, mostraram claramente que ainda existem diferenças na utilização da vitamina D na população.

Ferramenta para o diagnóstico da vitamina D

Carlberg e Haq dividiram os participantes do estudo em três grupos: resposta elevada, resposta média e resposta fraca. Chegaram à conclusão de que os níveis de vitamina D no sangue dos participantes não reflectiram necessariamente a sua resposta à vitamina D. É aqui mesmo que os genes e a cor da pele desempenham um papel essencial.

Todavia, e para conseguir alcançar uma melhor compreensão, os dois investigadores desenvolveram uma ferramenta de diagnóstico especial que consegue medir o quão bem uma pessoa consegue responder à vitamina D, ao invés de analisar apenas a concentração de vitamina D no sangue.

Ao utilizar esta ferramenta, à qual deram o nome de índice de resposta à vitamina D, verificaram que 25% dos participantes no estudo apresentavam uma resposta fraca à vitamina D. Por isso, essas pessoas precisavam de quantidades superiores do nutriente em questão para obterem os mesmos benefícios para a saúde conseguidos por aqueles com uma resposta elevada.

Desafiar as recomendações tradicionais

Esta nova abordagem acerca da vitamina D pode desafiar as directrizes gerais que têm sido utilizadas para aconselhar as pessoas sobre as quantidades necessárias de vitamina D, simplesmente porque as recomendações convencionais não têm em conta as características individuais.

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